A
música através dos tempos
A música, segundo a teoria
musical, é formada de três elementos principais. São eles o ritmo, a harmonia e
a melodia. Entre esses três elementos podemos afirmar que o ritmo é a base e o
fundamento de toda expressão musical.
Sem ritmo não há música.
Acredita-se que os movimentos rítmicos do corpo humano tenham originado a
musica. O ritmo é de tal maneira mais importante, que é o único elemento que
pode existir independente dos outros dois: a harmonia e a melodia.
A harmonia, segundo elemento mais
importante, é responsável pelo desenvolvimento da arte musical. Foi da harmonia
de vozes humanas que surgiu a música instrumental.
A melodia, por sua vez, é a
primeira e imediata expressão de capacidades musicais, pois se desenvolve a
partir da língua, da acentuação das palavras, e forma uma sucessão de notas
característica que, por vezes, resulta num padrão rítmico e harmônico
reconhecível.
O que resulta da junção da melodia, harmonia e ritmo são as
consonâncias e as dissonâncias.
Acontece, porém, que as
definições de dissonâncias e consonâncias variam de cultura para cultura. Na
Idade Média, por exemplo, eram considerados dissonantes certos acordes que
parecem perfeitamente consonantes aos ouvidos atuais, principalmente aos
ouvidos roqueiros (trash metal e afins) de hoje.
Essas diferenças são ainda
maiores quando se compara a música ocidental com a indiana ou a chinesa,
podendo se chegar até à incompreensão mútua.
Para melhor entender essas
diferenças entre consonância e dissonância é sempre bom recorrer ao latim:
Consonância, em
latim consonantia, significa acordo, concordância, ou seja, consonante é todo o
som que nos parece agradável, que concorda com nosso gosto musical e com os
outros sons que o seguem.
Dissonância, em
latim dissonantia, significa desarmonia, discordância, ou seja, é todo som que
nos parece desagradável, ou, no sentido mais de teoria musical, todo intervalo
que não satisfaz a idéia de repouso e pede resolução em uma consonância.
Trocando em miúdos, a dissonância
seria todo som que parece exigir um outro som logo em seguida. Já a
incompreensão se dá porque as concordâncias e discordâncias mudam de cultura
para cultura, pois quando nós, ocidentais, ouvimos uma música oriental típica,
chegamos, às vezes, a ter impressão de que ela está em total desacordo com o
que os nossos ouvidos ocidentais estão acostumados.
Portanto o que se pode dizer é
que os povos, na realidade, têm consonâncias e dissonâncias próprias, pois elas
representam as suas subjetividades, as suas idiossincrasias, o gosto e o
costume de cada povo e de cada cultura. A música seria, nesse caso, a
capacidade que consiste em saber expressar sentimentos através de sons
artisticamente combinados ou a ciência que pertence aos domínios da acústica,
modificando-se esteticamente de cultura para cultura
Renato Roschel
Joachim Quantz, um dos maiores tratadistas e teóricos musicais do
período barroco, fez importantes comparações entre a arte musical e a arte da
declamação em seu tratado Versuch
einerAnweisung, die Flöte traversière zu spielen (Ensaio de um método para se
tocar a flauta transversa), de 1752:
A execução musical pode ser comparada ao discurso de um orador.
Ambos, o orador e o músico, têm o mesmo objetivo: conquistar os corações,
excitar ou acalmar as paixões e transportar o ouvinte ora em um, ora em outro
afeto. É para os dois de grande utilidade ter conhecimento sobre os
procedimentos um do outro. Exige-se do orador que ele tenha uma voz forte e
clara, e uma dicção nítida, precisa e pura; que ele não confunda nem engula
letras; que ele tenha uma agradável variedade na voz e na pronúncia do idioma;
que ele evite monotonia no discurso; de preferência que o som das sílabas e das
palavras seja ora forte e ora suave, ora rápido e ora lento; que eleve sua voz
nas palavras que exijam maior intensidade e faça o contrário nas outras; que
ele expresse cada afeto com outro timbre; que ele saiba diferenciar de forma
apropriada o tom do seu discurso dependendo do local, dos ouvintes e do
conteúdo do discurso, seja ele um discurso fúnebre, festivo, engraçado ou
qualquer outro; e, finalmente, que ele assuma exteriormente uma boa postura.
Ritmo e
metro:espacialização da experiência musical - Alberto Heller
Estilo
Musical: É a maneira pela qual compositores de época e países diferentes
combinam simultaneamente os diversos elementos musicais importantes, que são
chamados de componentes básicos da música.
Apresentação desses elementos básicos:
Melodia: A
linha melódica é frequentemente associada ao traço do desenho, e que pode ser
estático ou contínuo. Os sons mais altos, agudos,
situam-se no patamar mais elevado de um plano qualquer, e os sons baixos,
graves, no patamar mais baixo. Da mesma maneira, escalas ascendentes são
semelhantes a movimentos para o alto, e escalas descendentes, a movimentos para
baixo. A razão própria desta natural associação, talvez esteja na própria
constituição física do som, onde a sustentação harmônica é dada pelas notas
graves. (Schoenberg)
Harmonia: quando duas ou mais
notas de diferentes sons são ouvidas ao mesmo tempo, há a formação de um
acorde. O
encadeamento destes acordes é a harmonia da música.
Intensidade: A intensidade ou força do som depende da
amplitude das vibrações acústicas, que por sua vez varia de acordo com a
densidade do meio transmissor, a distância entre o ouvinte e o emissor, e com
os sistemas de ressonância que, ao reforçar as vibrações de certos comprimentos
de onda, interferem no som resultante. Propriedade de som que o define como
mais forte(f) ou mais fraco(p-piano)
Ritmo: [Do gr. rhytmós,
'movimento regrado e medido', pelo lat. rhytmu.] S. m. 1. Movimento ou ruído que se repete, no tempo, a
intervalos regulares, com acentos fortes e fracos: o ritmo das ondas,
da respiração, da oscilação de um pêndulo, do galope de um cavalo. 2. No curso
de qualquer processo, variação que ocorre periodicamente de forma regular: o ritmo das marés,
das fases da Lua, do ciclo menstrual. 3. Sucessão de movimentos ou situações
que, embora não se processem com regularidade absoluta, constituem um conjunto
fluente e homogêneo no tempo: o ritmo de um trabalho. 4. Nas artes, na literatura, no cinema, etc., a
disposição ou o desenvolvimento harmonioso, no espaço e/ou no tempo, de
elementos expressivos e estéticos, com alternância de valores de diferente
intensidade: o ritmo de uma escultura, de uma peça de teatro. 5. Arte Poét. Num verso
ou num poema, a distribuição de sons de modo que estes se repitam a intervalos
regulares, ou a espaços sensíveis quanto à duração e à acentuação. 6. Mús.
Agrupamento de valores de tempo combinados de maneira que marquem com
regularidade uma sucessão de sons fortes e fracos, de maior ou menor duração,
conferindo a cada trecho características especiais. 7. Mús. A marcação de tempo
própria de cada forma musical: ritmo de marcha, de valsa, de samba. 8. Mús. O conjunto de instrumentos
de percussão e outros similares que marcam o ritmo (6) na música popular;
bateria. Novo Dicionário Aurélio da
língua portuguesa.
O ritmo é portanto a maneira com
que um evento flui no tempo.
Andamento: é a velocidade com que a música é executada.
É indicado tradicionalmente por palavras de origem italiana, pois foram os
italianos que, no princípio do século XVIII, designaram os termos para ele.
Estes termos são escritos no início do trecho cujo andamento deve ser indicado,
logo acima da pauta musical. Existe um aparelho que indica, com exatidão
absoluta, o andamento, o metrônomo.
Termos em italiano
Andamento
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Definição
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Menos
de 40 |
Extremamente lento
|
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40
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Muito vagarosamente e solene
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40-60
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Muito largo e severo
|
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40-60
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Largo e severo
|
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60-66
|
Mais suave e ligeiro que o Largo
|
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60-66
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Lento
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66-76
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Vagarosamente, de expressão terna e patética
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66-76
|
Vagarosamente, pouco mais rápido que Adagio
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76-108
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Velocidade do andar humano, amável e elegante
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84-112
|
Mais ligeiro que o Andante, agradável e
compassado
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108-120
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Moderadamente (nem rápido, nem lento)
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112-120
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Nem tão ligeiro como o Allegro; também chamado de
Allegro ma non troppo
|
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120-168
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Ligeiro e alegre
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152-168
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Rápido e vivo
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168-180
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Mais rápido e vivo que o Vivace; também chamado
de molto vivace
|
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168-200
|
Veloz e animado
|
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200-208
|
Muito rapidamente, com toda a velocidade e
presteza
|
Nota: As marcações de tempo em bpm podem ser
medidas com auxílio de um metrônomo,
um relógio especialmente construído para definir uma pulsação constante. Os
valores associados a cada andamento são apenas de referência.
Timbre: É o parâmetro que diferencia
sons da mesma altura e de mesma intensidade emitidos por fontes diferentes. A
mesma nota ré, por exemplo, assume timbres diferentes se for emitida por um
piano ou por um violão, já que cada nota produzida por um instrumento vem
acompanhada de notas harmônicas diferentes. Assim o ré do piano vem acompanhado
de harmônicos diferentes do ré do violão, permitindo a sua diferenciação pelo
timbre.
http://kparolo.wordpress.com/2011/03/29/andamento-2/
Origem da palavra é grega: “orkestra” significava “lugar destinado à
dança”. No século V a.C., os espetáculos
eram encenados em anfiteatros e “orquestra”
era o espaço situado logo à frente da área principal do palco, ocupado pelo
coro e pelas danças. Ficavam ali também os
instrumentistas.
Séculos
depois, mais precisamente no século XVII, na Itália, as primeiras óperas
começaram a ser executadas. Como eram imitações dos dramas gregos, o espaço
entre o palco e o público, onde ficavam os instrumentistas, também era chamado
de orquestra. Daí o sentido da palavra evoluiu ao que hoje conhecemos,
designando o conjunto de instrumentos musicais reunidos com o intuito de
executar uma obra musical.
As primeiras orquestras eram formadas por um pequeno número de músicos.
Foi no século XVII que o compositor Cláudio Monteverdi aumentou para 36 o
número de instrumentistas dos grupos sonoros familiares. No século XVIII, com o
francês Rameau esse número passou para 47. A partir de Beethoven, no século
XIX, a orquestra passou a integrar cerca de 60 músicos. Mas foi Berlioz que a
distribuiu como conhecemos hoje, variando de 80 a 100 músicos (Orquestra
Sinfônica – abreviação “OS”). O que vai determinar esse número é a combinação
orquestral pensada pelo compositor da obra para expressar suas idéias musicais.
Existem também as pequenas orquestras, como a de câmara (abreviação
“OC”) – formada apenas por instrumentos de corda, e a barroca – formada por
instrumentos de época. Geralmente, ambas são regidas pelo spalla (primeiro
violino da orquestra, que pode substituir o maestro).
A disposição dos músicos numa orquestra segue uma seqüência
padronizada: os músicos são dispostos em semicírculo, sendo que as cordas vêm
na frente: harpa, violino, viola, violoncelo e
contrabaixo, seguidos de sopros de madeira: flauta, flautim, clarinete, oboé,
fagote, corno inglês, clarone, saxofone e contrafagote, os sopros de metal vêm
no centro: trompete, trompa, trombone e tuba, e a percussão atrás: tímpano,
caixa, prato, pandeiro, triângulo, bumbo, vibrafone, carrilhão, castanhola,
dentre outros, a critério do compositor. Partindo para a categoria dos
teclados, o órgão é considerado um instrumento independente da orquestra; o
cravo é usado apenas nas orquestras barrocas e o piano, apenas como instrumento
solo, assim como o violão.
Havia uma distinção entre Orquestra Filarmônica e Orquestra Sinfônica,
esta se referindo à orquestra de profissionais e àquela designava orquestra de
amadores. Contudo, essa diferenciação desapareceu no século XX: os dois termos
são usados para designar orquestras de músicos profissionais. A diferença é que
as Orquestras Filarmônicas são financiadas por empresas ou grupos de pessoas,
sem fins lucrativos e as Orquestras Sinfônicas são financiadas pelo Estado.
Antes de iniciar uma apresentação, a orquestra afina os instrumentos na
nota “lá” do oboé ou no “lá” do violino do
spalla (que tem um ouvido absoluto), compreendendo uma nota de 440 vibrações
por segundo, altura padrão aprovada numa Conferência Internacional em 1939.
CORDAS: O violino, a viola de arco (também chamada violeta), o violoncelo e o contrabaixo têm quatro cordas que são postas a vibrar através da fricção de um arco. Por este motivo, o grupo que constituem é designado como cordas friccionadas.
A Harpa tem 46 cordas de
tamanhos diferentes que são postas a vibrar pela ação dos dedos do executante,
considerando-se, por isso, um instrumento de cordas beliscadas. O
músico pode ainda modificar a altura produzida por cada corda através do uso de
sete pedais. Deste modo, usando as cordas soltas e recorrendo aos pedais
consegue-se obter as notas correspondentes às teclas brancas e pretas do piano.
SOPRO : Os instrumentos de sopro de orquestra são
divididos em madeiras e metais. Apesar desta
distinção ter a ver com o material com que esses instrumentos eram feitos
quando surgiram as primeiras orquestras, hoje baseia-se principalmente no
timbre, uma vez que atualmente, alguns instrumentos desse grupo, como a flauta
transversal, já serem feitos de metal.
Madeiras é o nome dado a instrumentos musicais de sopro
cujo método de ativação não é a vibração dos lábios, mas sim, a vibração de uma
palheta ou a passagem do ar por uma aresta.
As madeiras são dividas em:
Embocadura
Livre: mais parecido com a voz humana
Palheta
Simples: sons aveludados
Palheta
Dupla: sons anasalados
Embocadura Livre: Flauta - instrumento musical formado por um tubo oco com orifícios. Bastante antigo, a execução de tal instrumento consiste no ato de soprar o interior do tubo ao mesmo tempo em que se tapam e/ou destapam os orifícios com os dedos.
Flautim - um instrumento
musical da família da flauta, soando uma oitava acima da flauta soprano, da
qual possui igual digitação. É constituído por um pequeno tubo de cerca de 33
cm de comprimento e um bocal.
Palheta Simples: Clarinete - um
instrumento musical de sopro constituído por um tubo cilíndrico de madeira (já
foram experimentados modelos de metal), com uma bocarra cônica de uma única
palheta e chaves (hastes metálicas, ligadas a tampas para alcançar orifícios
aos quais os dedos não chegam naturalmente). Possui quatro registros: grave,
médio, agudo e superagudo.
Palheta Dupla: Fagote -
constituído por um longo tubo cônico de madeira de cerca de 2,5 metros, dobrado
sobre si mesmo.A palheta dupla é fixada em um tudel de cobre, ou bocal.
Devido ao complicado dedilhado e às palhetas
duplas, o fagote é um instrumento particularmente difícil de aprender, e os
estudantes normalmente o escolhem após dominarem um outro instrumento de sopro,
como a flauta ou o clarinete. O fagote é o mais grave instrumento de madeira da
família dos sopros. Ele se ramifica ainda em outros dois instrumentos: o
fagotino e o contrafagote. O fagotino é um fagote menor e mais agudo, que
atualmente está em desuso. O contrafagote é maior que o fagote, pesando cerca
de 10 kg, e soa uma oitava abaixo deste.
Oboé - O corpo do oboé é feito normalmente de madeira (ébano, jacarandá) e tem
formato ligeiramente cônico - alguns instrumentos mais recentes têm sido feitos
de plástico. Uma pequena e delgada tira de uma cana especial é dobrada em dois
e um pequeno tubo de metal é colocado entre os dois lados da tira dobrada, a
qual é então passada em volta do tubo e firmemente amarrada a ele. A parte
dobrada da tira é cortada e as duas extremidades, delicadamente desbastadas,
constituindo então a palheta dupla. O tubo de metal encaixa-se em uma base de
cortiça que é firmemente fixada na extremidade superior do oboé.
Corne Inglês - É um instrumento transpositor em fá, portanto uma quinta abaixo do
oboé, em dó. Sendo um instrumento mais grave, também é maior do que o oboé, e
geralmente o instrumentista necessita de uma alça no pescoço para auxiliar o
suporte, como no caso do fagote e de alguns tipos de saxofone. A palheta dupla
utilizada no corne inglês é muito semelhante à do oboé, mas não é inserida
diretamente no instrumento e, sim, em um bocal.
Metais: o som é produzido soprando e fazendo vibrar
os lábios num bocal colocado na extremidade do tubo.
O bocal em diferentes
perspectivas.
As
diferentes notas são conseguidas através de mudanças na intensidade do sopro e
pela modificação do comprimento do tubo. A modificação do comprimento do tubo faz-se
através do uso de pistões ou de chaves (que ligam tubos adicionais ao tubo
principal), na trompete, tuba e trompa, ou através de um tubo que desliza por
fora do tubo principal, no caso do trombone.
PERCUSSÃO: Esta família
foi buscar o seu nome ao verbo percutir que significa bater. No entanto,
existem hoje na orquestra instrumentos de percussão em que o som é produzido
agitando o instrumento (como as maracas) ou raspando a sua superfície (como o
reco-reco) mas nas primeiras orquestras não eram utilizados. Assim, seremos
mais precisos se dissermos que os instrumentos de percussão são aqueles em que
o som, de altura definida ou indefinida, é
produzido pela vibração do próprio corpo do instrumento ou pela vibração de uma
membrana ou pele.
http://www.infoescola.com/musica/orquestra/
Livro:
A incrível história da orquestra
Autor: Bruce Koscielniak